Músicas e canções para estimular habilidades
É automático! A gente pega o bebê no colo e imediatamente começa a embalá-lo, cantarolando alguma coisa. A música, seja na forma de canções rituais ou de cantigas de ninar, está presente no contato entre mães e bebês de todas as culturas do planeta. Mais do que um artifício para acalmar a criança ou fazê-la dormir, a música é componente indispensável nessa delicada relação. É também um importante instrumento para o desenvolvimento do bebê, como todas as mães do mundo parecem saber intuitivamente. Conotação emocional. O ouvido humano concentra não só as funções auditivas, como também é responsável pelo equilíbrio dos nossos movimentos. Daí o impacto sensorial que a música exerce sobre o corpo, e o poder dos diferentes ritmos de estimular as habilidades motoras e as percepções de tempo e espaço. Para os bebês, os sons e os ritmos, quando usados como acalanto, envolvem ainda inúmeros benefícios de conotação emocional e afetiva. Músicas suaves e relaxantes envolvem o bebê num clima de bem-estar e tranqüilidade e podem ser usadas para acalmá-lo, enquanto as músicas mais agitadinhas funcionam muito bem como “trilha sonora” para marcar momentos de brincadeira e alegria. Com essa indução, aos poucos sua criança se habituará a usar música como uma nova e poderosa linguagem capaz de modular e espelhar seus sentimentos: “Bebês que crescem em diálogo constante com a música tendem a se tornar pessoas menos ansiosas, mais confiantes e equilibradas”, garante a educadora Josete Feres. Música e desenvolvimento. Os efeitos da estimulação musical precoce em crianças estão sendo avaliados em pesquisas científicas. Os dados ainda não são conclusivos, mas profissionais ligados à música, educação, psicologia e medicina vêm concordando que os pequenos têm muito a ganhar, além da mera percepção auditiva mais sutil e aguçada. Estudos sobre a relação entre música e inteligência, por exemplo, mostram que crianças em idade escolar melhoram o desempenho em matemática com o aprendizado de um instrumento. Entre três e quatro anos, a habilidade espacial e a coordenação motora global se ampliam com aulas de piano. No que diz respeito aos bebês, a avaliação dos resultados é prejudicada pela barreira da comunicação, mas muitas pesquisas já apontam indícios de que eles são mais sensíveis à música do que se imaginava. Uma delas, realizada por Norman Weinberger, professor de Psicologia e Ciências Cognitivas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, provou que já aos quatro meses os bebês identificam erros propositais em melodias que lhes são familiares. O psicólogo americano dedica-se atualmente a estruturar um centro de pesquisas inteiramente voltado ao estudo da influência da música sobre o funcionamento cerebral. Baseado na constatação de que o cérebro possui estruturas específicas para processar as ondas sonoras de natureza musical, Weinberger defende a tese de que a música não se resume a diversão e arte – é uma capacidade biológica que precisa ser estimulada, desde muito cedo, para possibilitar um desenvolvimento completo. O consenso entre os profissionais é de que não existe idade para começar. Muitos até defendem a estimulação do bebê ainda dentro do útero, dois meses antes do nascimento, quando sua audição está formada. Questão de gosto. Você, mamãe, pode ajudar nesse processo, em casa mesmo. O primeiro passo é simplesmente deixar a música rolar. Qual música fica a seu critério. Não há necessidade de escolher “música para bebê”. Alguns pediatras e psicólogos aconselham a música clássica, mas se o gênero não for de seu agrado, esqueça. Seu estado de espírito tem muito mais influência sobre o ânimo do bebê do que a mais delicada das sinfonias. Na verdade, o tipo de música não faz diferença, principalmente para os bebês mais novinhos. O importante é que ela esteja sempre presente, sem cair no exagero de transformar a casa num elevador de escritório, com aquela música de fundo baixinha e constante que, em vez de estimular a percepção, acaba virando um ruído a mais em meio a tantos outros. A música funciona bem quando apresentada num contexto especial, integrando outras atividades, como o brincar e o dançar. O contato com o som. Outras alternativas são os brinquedinhos sonoros e os instrumentos feitos especialmente para crianças. Não espere, entretanto, que seu filho saia logo tocando alguma coisa. O mais provável é que pianinhos, bumbos e xilofones sejam apenas ”castigados” por ele. Mesmo assim, estarão desempenhando um papel importante na preparação dos circuitos cerebrais da sua criança para a música. Na hora de escolher, dê preferência àqueles feitos especialmente para bebês, com materiais de sonoridade suave, sem arestas e pontas perigosas. O controle da voz. Não esqueça, porém, que o melhor instrumento que o bebê possui e precisa aprender a dominar é a própria voz. Estimule-o a conseguir isso, cantando para e com ele. Vale tudo, das cantigas de ninar tradicionais aos sucessos do momento, incluindo as músicas infantis com imitações de sons do cotidiano e de vozes de animais. Todo estímulo sonoro é positivo, e as tentativas que seu filho fizer de reproduzir os sons vão, com o tempo, ajudá-lo a descobrir a própria voz e seu jeito particular de cantar. E quanto mais cedo a criança aprende a cantar, menores as chances de que venha a ser um adulto desafinado, já que aprendeu a ouvir e modular sua voz. Se você precisa de mais inspiração para sair por aí fazendo duetos com seu bebê, basta lembrar as muitas quadrinhas musicadas, como “Serra, Serra Serrador ” e “Upa, Upa Cavalinho”, de origem folclórica, que aproximam gerações nessa troca cadenciada de alegria, afeto e carinho.
Discoteca Básica: Algumas dicas para você montar uma seleção musical ao gosto do bebê.
Melodias simples. Muitos compositores vêm se especializando na criação de repertórios voltados para bebês. Geralmente são melodias simples e repetitivas, semelhantes às das caixinhas de música. Mas é bom saber que o bebê pode acabar se sentindo incomodado pela monotonia.
Os clássicos. A música clássica costuma ser uma boa opção, desde que você também aprecie o gênero. Deixe de lado as peças excessivamente tensas e dramáticas, como algumas sinfonias de Beethoven e Wagner, e aposte nos compositores de música leve e ligeira como Mozart.
Letras fáceis. Quando o bebê estiver aprendendo a falar, escolha músicas de melodias simples e letras fáceis, para que ele possa compreender e decorar.
Eliana Girotto de Aquino
Créditos: Revista Crescer, julho/99, pág. 84.Fonte: Josete Silveira Mello Feres (Educadora e coordenadora das aulas de iniciação musical na Escola de Música de Jundiaí, SP)
Discoteca Básica: Algumas dicas para você montar uma seleção musical ao gosto do bebê.
Melodias simples. Muitos compositores vêm se especializando na criação de repertórios voltados para bebês. Geralmente são melodias simples e repetitivas, semelhantes às das caixinhas de música. Mas é bom saber que o bebê pode acabar se sentindo incomodado pela monotonia.
Os clássicos. A música clássica costuma ser uma boa opção, desde que você também aprecie o gênero. Deixe de lado as peças excessivamente tensas e dramáticas, como algumas sinfonias de Beethoven e Wagner, e aposte nos compositores de música leve e ligeira como Mozart.
Letras fáceis. Quando o bebê estiver aprendendo a falar, escolha músicas de melodias simples e letras fáceis, para que ele possa compreender e decorar.
Eliana Girotto de Aquino
Créditos: Revista Crescer, julho/99, pág. 84.Fonte: Josete Silveira Mello Feres (Educadora e coordenadora das aulas de iniciação musical na Escola de Música de Jundiaí, SP)